22.10.07

De volta (e ainda com Hives)

Voltei. Depois de um curtíssimo fim de semana em São Paulo enfurnado em salas de cinema, cá estou eu aqui para não deixar o Grude morrer (ou pelo menos tentar).

Duas coisas mais ou menos sérias: manter este blog na minha rotina corrida é quase um ato de heroísmo. Por isso, se você tem vontade de participar de um blog de música, é meio obsessivo por devorar novidades e curte escrever, mande um e-mail para mim (tbsup8@hotmail.com) e conversaremos sobre o assunto, ok?

Bem... Retornemos ao leite derramado, então. Enquanto eu vou me recuperando do meu auto-exílio, fiquem com um videozinho bacana em que o Hives comenta as faixas do novo disco, The Black and White Album (já resenhado mais abaixo). Cortesia da NME.

18.10.07

O sonho não acabou



Tal como Brian Wilson, Neil Young também tem um álbum perdido. Ele se chama Chrome Dreams e devia ter sido lançado em 1977. Mas foi arquivado, e cedeu lugar para o irregular American Stars n' Bars. Ele conteria faixas clássicas como Pocahontas e Like a Hurricane. Agora, o próprio Young banca o mito e agora lança Chrome Dreams II, the sequel.

Parece aquele tipo de projeto oportunista que você não fará muita questão de testar, eu sei (eu mesmo estou com uma preguiiiiça). Mas a forma escolhida por Young para divulgá-lo é das mais interessantes.

O mestre dos mestres dos trovadores norte-americanos (e babo mesmo, já que o homem é "o" homem, Bob Dylan à parte) parece ter embarcado nas estratégias de marketing pós-In Rainbows. Criou um canal no YouTube e lá colocou várias canções do disco, de graça, para quem quiser ouvir. Ou melhor: para quem quiser ver.

Como assim? Sim, já que, enquanto as canções rolam, umas colagens esquisitas de imagens garantem o clima meio nostálgico das faixas. Vale conferir. O link é este aqui.

Em tempo
Hoje sigo para São Paulo a trabalho (e fico lá durante o fim de semana), e não sei se vou conseguir atualizar o blog nesse período. Como vocês já devem ter percebido, o Diego, atolado de obrigações, jogou a toalha e abandonou O Grude. Mas seguimos firme, contra maremotos e erupções vulcânicas. Até mais.

17.10.07

Preto e branco em cores



Quando uma banda confiável avisa que vai mudar tudo, tema. Às vezes o resultado é positivo de arrancar lágrimas (e lembre-se que os Beatles, por exemplo, mudavam tudo a todo momento), mas há aquele tipo de banda que simplesmente não sabe viver fora do quartinho confortável que criou para habitar. É o que mais tem, aliás.

Qual seria o caso do Hives? Escolha de que lado você quer ficar, já que o momento é agora. The Black and White Album (**, e eu fico meio em cima do muro, admito), que chega às lojas só no início de novembro, é o "projeto ambicioso" dos suecos. O álbum com "desvios de rota". O disco que mira uma certa "diversidade de estilos". A "ruptura". Isso e todas aquelas promessas que dão arrepios em todos nós.

Lembra o que aconteceu com o Strokes no terceiro disco? Pois bem. Eu, pelo menos, ainda não consegui engolir aquelas primeiras impressões do planeta Terra (e ainda prefiro as segundas impressões de Nova York).

O Hives poderia sim ter cometido esse tipo de ousadia disparatada e sem-noção, mas o terceiro álbum do quinteto é um pouco mais cuidadoso. Na tradição de um Today!, do Beach Boys (mas só na tradição, que fique claro), o disco é pizza meio-a-meio. Até a quinta fatia, é aquilo que esperávamos deles, quase literalmente. As faixas que tocarão na festinha mais próxima estão nesse bololô: Tick tick boom, Try it again, You got it all...wrong cumprem a função direitinho. Mas, se eles tivessem feito um álbum inteiro só disso, teriam recebido as mais cabeludas acusações. Conformados! Repetitivos!

Daí a necessidade de uma piração instrumental como A Stroll Through Hive Manor Corridors, que parece saída de um álbum do The Coral (e, sério, não me diz nada). Ou de buscar novos ares dentro do formato verso-refrão-verso. Aí o resultado é aquilo que prevíamos mesmo: um balaio de gatos.

Gravado em oito estúdios por sete produtores (entre eles, Pharrell Williams), o disco às vezes lembra The Killers (It won't be long), às vezes se aproxima com o que tipo de crossover com o pop radiofônico que o Hot Hot Heat tentou no álbum mais recente. Na maior parte do tempo, eles tentam. Tentam e tentam. Tentam uma canção só com "piano e palmas", uma com órgão dos anos 60 e bateria eletrônica. Uma virou trilha de comercial da Nike - outra, de vinheta do Cartoon Network.

Poucos passos arriscados chegam a incomodar (e eu adoro Square one here I come), poucos parecem terrivelmente deslocados no pacote. Mas tente comparar a primeira parte do disco com a segunda: no início está aquela banda que já conhecemos, presa a um formato saturado; no fim, essa mesma banda tenta se libertar do próprio cercadinho com a estratégia de atirar para todos os lados. É álbum de transição, certo, mas eu não sei ainda para onde eles estão indo. E, sim, morro de medo de saber.

O disco The Black and White Album será lançado em novembro pela Interscope.

Ouça! Tick tick boom, no MySpace

15.10.07

User-friendly?



Mostrei o álbum do Radiohead a um amigo meu cujo gosto musical limita-se a Beatles e Keane, e ele: "isso é jazz?"

Rodei o CD lá em casa (descontroladamente) sábado à tarde e minha mãe: "desliga isso que a gente ainda nem conhece os vizinhos direito."

Agora abro a Pitchfork e, na crítica de In Rainbows, o resenhista Mark Pytlik usa o termo "user-friendly" para definir a bolachinha. Sério? "User-friendly"? Talvez para quem tenha decorado as letras de todos os outros álbuns da banda, pode até ser. Para o restante dos mortais, garanto que o Radiohead continua soando como uma esfinge. E não é todo mundo que quer decifrá-la.

De qualquer modo, o texto da Pitchfork está bacana, a nota não poderia ter sido mais entusiasmada (9.3? 9.3!) e a brincadeirinha de pedir para o leitor escolher a cotação do disco é... Bem, de todos os lançamentos de 2007, este é o mais aberto a brincadeirinhas e nerdices do tipo.

Mais gente boa escreveu sobre ele: tem resenhas no Guardian (cinco estrelas), e elogios rasgados até no site da Billboard.

Por enquanto, permanece a questão: ninguém vai ousar jogar pedras neles, é? Nem a reação a Kid A foi tão unânime. Estamos no aguardo.

13.10.07

The New Pornographers: Challengers

Eu sei que vocês vivem em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Bogotá, e que este blog não é uma espécie de Diário do Lago Norte e que vocês não estão nem aí. Mas me dêem um tempinho, já que hoje Brasília acordou ainda com cheiro de terra molhada (ontem à noite, a chuva voltou pra valer, depois de meses de seca) com nuvens carregadas e aquele clima gostoso para ficarmos em casa assistindo a episódios de Heroes e tomando chocolate quente.

Ai ai. Os bons tempos voltaram. E, sim, claro, esse também um ótimo motivo para vermos sem culpa todos os bons vídeos de bandas bacanas que estão disponíveis por aí. Depois do Fiery Furnaces (se vocês não tiveram coragem de tentar o clipe bizarro, por favor, força), esparrame-se no sofá para o novo momento fofura do New Pornographers, tirado da faixa-título do grande Challengers.

Lá fora, o álbum cabe feito luva no adjetivo mellow. No vídeo, talvez por isso, tudo acaba derretendo. O quadro é tomado por uma gosma verde, o casal apaixonado se funde numa nhaca cor-de-rosa e o vaso de flores se desmancha em azul. Um grude. E uma lindeza que combina muito com o momento em que a música descamba para um sensacional ô-la-ô-la-ô-la-ô-la.



O que eu mais gosto no clipe nem é isso. Outro dia eu estava à procura de um símbolo sexual e... não é que encontrei? Neko Case de All Star tomando suco de morango deixa qualquer um com falta de ar.

Musa do blog, desde já.

The Fiery Furnaces: Ex-guru

Se os Fiery Furnaces habitasse o Brasil, provavelmente chamariam nosso querido José Mojica Marins para rodar o primeiro clipe tirado do álbum Widow City, para a ótima faixa Ex-guru.

Reparem: enquanto o disco (muito bom, mas fadado a não convencer nada os que abandonaram a dupla logo depois de Blueberry Boat) se apropria de uma série de elementos do hard rock e da psicodelia setentista, o vídeo parece até um curta dirigido na marginália brasileira em meados de 1972.

A dona da idéia, Angie Waller, acertou no tom. Meio desligados, Matthew e Eleanor Friedberger (ela, como que saída de uma seita em homenagem às Panteras) passeiam por uma floresta, exibem artefatos indígenas meio toscos e são atazanados por árvores com olhos e bocas de mentirinha. Haja alucinógeno.



No meio desse circo todo, tem a música - por coincidência, a minha favorita do álbum. O refrão, inspirado em Paul McCartney, é dos grandes momentos da banda.

Cante comigo, vamos lá: She means nothing to me now, I tell myself that every day.

Acredite: em algum período da vida, essa musiquinha bobinha fará sentido para você.

12.10.07

In Rainbows: um veredicto



No fim do arco-íris, o que encontramos? Breu.

Depois de ouvir algumas dezenas de vezes o esperadíssimo In Rainbows (***), já dá para chegar a algumas conclusões. A primeira: estratégias terroristas de distribuição à parte, este não é um álbum revolucionário como Ok Computer e (principalmente) Kid A. A partir de Kid A, aliás, o Radiohead parece ter construído um playground musical visitado desde então. Daí o segundo veredicto, que deve aborrecer aos fãs mais aflitos: este disco é um prolongamento, uma seqüência - tanto dessas experiências obsessivas com "paisagens sonoras" quanto das emoções desnudadas, cruas, de The Eraser, projeto solo de Thom Yorke.

Por isso mesmo, o álbum remete aos climas e a proposta de Amnesiac, a (ótima, por sinal) continuação de Kid A. Mas está longe de representar só isso. Depois de ter rompido artisticamente com as expectativas da indústria fonográfica, agora o Radiohead termina o trabalho ao quebrar a cadeia comercial com um disco que, nas mãos de uma EMI da vida, seria vendido da forma mais errada. Como comercializar In Rainbows? Muito difícil. Este é um álbum-casulo criado como peça de um quebra-cabeças que a banda contrói aos poucos, sem preocupações com cobranças alheias - lançado no vale-tudo das lojas de discos, provavelmente seria devorado pelos leões.

Coerente com um processo criativo que vem lá de Kid A, In Rainbows também é composto de estilhaços. Deixa a impressão de que cada faixa foi trabalhada exaustivamente em estúdio como organismo independente, com exigências próprias (bem diferente dos conceitos de Ok Computer e, em menor escala, The Bends). Se em Kid A elas todas apontavam para uma imagem de um mundo também fragmentado e desiludido (se você quiser um álbum para começar a entender o início do século 21, é esse), In Rainbows abre uma diversidade maior de temas. Um painel não tão disparatado quanto o de Hail to the Thief, mas que parece agora se voltar para dentro, para questões existenciais, amorosas, sexuais.

É fácil entender as comparações que se faz (e se fará) do disco com os procedimentos da soul music: faixas como House of Cards, All I need e Nude buscam em acordes repetitivos e calorosos, típicos do gênero, o caminho para a intimidade. "Eu não quero ser seu amigo, só quero ser seu amante", avisa Yorke, em House of Cards. Nude vai na carne: "Você vai pagar pelos seus pensamentos sujos" (e tem gente por aí interpretando a letra como um poema para a pornografia, ou para masturbação).

Yorke avisou que trata-se de um disco para o momento em que, sentados no metrô, nos perguntamos sobre o sentido da vida que levamos. Mas todos os álbuns do Radiohead, de certa forma, não sugerem esse tipo de neura? In Rainbows troca a paranóia generalizada por um desconforto mais pessoal, interno. "Estou preso neste corpo e não consigo sair", observa Bodysnatchers. "Como fui terminar onde eu havia começado? Como fui terminar onde tudo havia dado errado?", questionam os primeiros versos de 15 Step. O álbum segue nessa escuridão, com flashes rápidos de otimismo. "Atingi o fundo, e só então escapei", conclui Weird Fishes/Arpeggi.

No final de Bodysnatchers, Yorke nos acalma. Aos gritos de "I'm alive", ele resiste. Mas, se In Rainbows deixa um gosto, é amargo: a agonia não acaba, apenas se transforma enquanto o homem doente amadurece. Certa vez, eles avisaram que começar um novo disco sempre parecia uma tarefa assustadora, um salto no vazio. In Rainbows é, como os álbuns anteriores, retrato de um momento. Agora, de um instante psicológico, de um mal-estar tão particular que talvez nem todos nós tenhamos o direito de compartilhar.

Baixe! O álbum inteiro, no site oficial.

O álbum In Rainbows foi lançado de forma independente pela banda. Estima-se que tenha sido baixado 1,2 milhão de vezes apenas no dia do lançamento, 10 de outubro.

11.10.07

Por que ele ri à toa?



Impossível falar em outro assunto, eu sei. Então vamos a um resumão do que anda rolando por aí sobre o novo álbum do Radiohead, o ótimo In Rainbows.

Na Rolling Stone, a cobertura é completíssima. Tem faixa-a-faixa, tem crítica do Rob Sheffield (um dos principais resenhistas da revista, que lascou 4 estrelas e meia para o álbum), tem o Jonny Greenwood comentando que "é divertido descobrir qual o valor que as pessoas dão para a música", tem um hilariante comentário "em tempo real" do disquinho, escrito em plena madrugada por um fã descontrolado.

Na Pitchfork, um guia completo do álbum. Também com faixa-a-faixa e clipes ao vivo. O site avisa que a resenha do disco sai semana que vem. Já vai ser tarde...

O New Musical Express jogou a banda na capa e remeteu ao site oficial do grupo, com um recado de Thom Yorke. "As últimas duas semanas foram muito tumultuadas", o vocalista avisa. Nem precisava ter nos lembrado disso. A revista também faz um joguinho interessante: pede para que os fãs enviem críticas do álbum.

Estou na segunda audição e... não é que eles acertaram mais uma vez? Este pode ser definido como o momento R&B do Radiohead. Ou mais ou menos isso. Ou... Eles habitam um mundinho todo deles, não?

Modest Mouse: Little motel

Eu sei que, neste exato momento, todo mundo está digerindo o álbum do Radiohead (particularmente, estou empacado na faixa All I need, a coisa mais linda do mundo). Mas vejam bem: a vida não se resume a isso, certo? Então parem de procurar as referências de Nick Drake em Faust arp por um minutinho e vamos a outro assunto, por favor. Tá?

O Modest Mouse, uma dessas grandes bandas a que você vai recorrer depois de cansar de In Rainbows, acabou de lançar clipe novo. Da faixa Little motel, que está no (belo) álbum We Were Dead Before the Ship Even Sank.

Não sei se gosto tanto assim do vídeo. A idéia de contar uma historinha assim, de ponta-cabeça, é uma fórmula que diretores espertinhos usam de vez em quando. Mas há algo muito certo na combinação dos acordes desta balada triste e as luzes meio mortas da cidade. E o desfecho é de partir o coração.



Ok, voltemos ao Radiohead.

10.10.07

Revolução pela metade



Já aviso: ainda não consegui ouvir o novo álbum do Radiohead.

Não foi por falta de esforço. Recebi uma senha, a senha travou. Tentei novamente, o site deu pau. Resultado: apelei para o velho companheiro Soulseek. Sem culpas, já que gastei uma graninha (bem pouca, mas uma graninha) no disco. Depois digo o que achei dele (quem tiver testado a novidade e quiser contribuir, a caixa de comentários está aí para isso mesmo).

Junto com a Pitchfork, tomei um banho de água fria ao descobrir que a versão digital de In Rainbows tem a qualidade (sofrível) de 160kbps. Ou seja: se você, fã ardoroso, decidiu pagar R$ 100 pelo álbum, ganhou de presente uma versão que vai soar estourada se você decidir plugar o iPod no som do seu quarto. Entendeu a picaretagem?

Ok, ok, disco do Radiohead é disco do Radiohead e provavelmente correríamos atrás dele mesmo se a qualidade do som fosse de 60kbps. Somos loucos. Somos trouxas. Somos loucos e trouxas ao mesmo tempo.

Só uma coisa: se todos os fãs da banda decidirem fazer um protesto virtual, será que eles soltam uma versão de 192kbps do álbum?

Ou vamos ter que esperar até dezembro para captar as sutilezas do projeto? Mundo cruel, banda esperta.

7.10.07

Spoon no Saturday Night Live

Seth Rogen é bom companheiro. De vez em quando, para honrar me sobrenome, eu até vou ao cinema. E não dá pra desprezar a presença do sujeito em duas belas comédias - talvez as duas melhores do ano, e estamos conversados.

No ótimo Ligeiramente Grávidos, Seth é Ben Stone, o rapaz desocupado e apalermado que engravida uma apresentadora deslumbrante do E! Entertainment Television. No divertido (mas que, com 30 minutos a menos, seria genial) Superbad, o moço é co-autor do roteiro, ao lado de Evan Goldberg. E interpreta o policial Michaels, picareta que só ele.

Dois filmes e já virei fã.

Ontem à noite, na tevê americana, Seth foi o convidado do Saturday Night Live. O que já seria motivo para entrar em obscuros sites dinamarqueses atrás de imagens contrabandeadas do programa. Mas há outra razão para a contravenção: ele dividiu espaço com o Spoon. Sim, o Spoon. Aquela banda que costuma lançar discos espetaculares como Ga Ga Ga Ga Ga, um dos melhores de 2007. Conhece, né?

Como este é um site de música, vamos à versão ao vivo para You got yr. cherry bomb. Vejam aí (se é que ainda existe alguém aí) enquanto eu corro no YouTube para fuçar alguns quadros com a participação do Seth.



Quando passa no Brasil, hem? Hem?

6.10.07

The Hives: Tick, tick, boom

O tempo passa, o tempo voa, e o Hives está entre nós novamente. No aquecimento para lançar The Black and White Album, programado para o dia 15 de novembro, os suecos-espoleta já estão dando saltos por aí.

Já sabemos de algumas novidades: o produtor do disco será Dennis Herring, que cuidou de trabalhos do Modest Mouse e do Elvis Costello. E o rapper Pharrell faz participação (na produção, em algum momento, sabe-se lá como). Aliás, produtor é o que não falta no CD. Seria balaio de gatos?

Ah, e eles acabaram de lançar o clipe de Tick, tick, boom. Que, antes de virar vídeo, já tinha entrado em um comercial da Nike. Estão por cima da carne seca ou não estão?

Veja aí e diga o que acha.



Bacana. Viva o novo rock. Agora, só não vale decepcionarem feito Maximo Park, Kaiser Chiefs, The Rakes... Já basta, né.

Para permanecer igual



Nessa altura, você só ouvira um álbum de Bruce Springsteen por dois motivos: ou você conhece a obra do sujeito e a admira, ou você ficou curioso para saber de onde saiu a inspiração de Brandon Flowers para compor o último álbum do Killers.

Para quem participa do primeiro grupo, um álbum de Bruce Springsteen quase sempre será um bom álbum de Bruce Springsteen. Já que The Boss (como ele é conhecido nas bandas de lá, você sabe) mantém um estilo de composição que remói sempre os mesmos temas (a utopia da liberdade, o sentimento de patriotismo, um tipo meio ingênuo de inconformismo político, a defesa de heróis injustiçados da América) como quem não precisa fazer muito além de revestir um repertório de obsessões com novos contextos. Funciona, já que o mundo muda e permanece igual.

Exemplo: The Rising, o álbum sobre o 11 de setembro, poderia muito bem ter sido lançado no final dos anos 1960. Seria um belo manifesto anti-Guerra do Vietnã.

Já para o público mais novo, mais curioso, que pretende descobrir o que é que Bruce tem, Magic (**) soará como um álbum frustrante, incurável de tão nostálgico. O discurso de Bruce pode não envelhecer nunca - já que é calcado na simplicidade de símbolos universais -, mas o que deve provocar incômodo nos fãs de Killers (e de Hold Steady, e de Against Me!, e até do Wallflowers) é como o compositor trabalha dentro de um universo musical que também muda muito pouco. Que parece até ter preguiça de sair do lugar. Daí a sensação de ouvirmos este álbum como quem sintoniza uma estação de flashbacks. Quando o primeiro solo de saxofone entrar no meio da primeira faixa, Radio nowhere, você entenderá o que digo.

Mais que qualquer álbum recente de Bruce, Magic é o que exige ser colocado ao lado de "clássicos" (entre aspas, já que depende da forma como você encara o chefão) como The River e Born in the USA. É como se, cansado de tentar aventuras conceituais (The Ghost of Tom Joad) ou arqueológicas (We Shall Overcome), Bruce tivesse preferido jogar o próprio jogo. Por isso, lembra muito All That You Can't Leave Behind - momento em que o U2 decidiu gravar o álbum que o público mais relapso, mais saudoso, esperava do U2.

Há quem prefira esse tipo de estratégia. Como em poucas vezes, a Rolling Stone carimbou o disco com cinco estrelinhas. Seria um clássico? Talvez, dirá o fã do Killers, se tivesse sido lançado em 1982.

Nas letras, Bruce ataca as guerras (do Iraque, no caso), atira farpas contra a administração Bush, faz (mais uma?) ode aos soldados e até compõe um belo diálogo entre pai e filho (em Long walk home) em que ensina os valores básicos de um cidadão norte-americano. "Olhe para a bandeira", pede o pai. E fala sério.

Nos arranjos, Bruce é conservador. Francamente conservador. Ao lado da E Street Band e do produtor Brendan O' Brien, faz o álbum mais recente do Hold Steady soar como vanguarda. É possível prever cada passo do disco. Os arranjos à Beach Boys de Your own worst enemy, o clima oitentista de Livin in the future e os cantos sombrios de Devil's arcade. São belas canções, que melhoram a cada audição, e fazem ainda mais efeito quando se aceita a arte de Bruce dentro dos parâmetros dela.

Satisfaz? Em termos. Até o próximo disco do U2, os progressistas mais ultrapassados terão uma trilha sonora a que recorrer. Rebelde sem ousadia, Magic equivale a um filme decente dirigido por Ken Loach.

O álbum Magic foi lançado semana passada pela Columbia Records.

Ouça! Radio nowhere, no My Space.

2.10.07

Entrevista com Daft Punk



Raros são os momentos que os robôs de coração mole do Daft Punk falam à imprensa com o botão da ironia desligado. Na entrevista de Thomas Bangalter à Pitchfork, o milagre acontece.

Algumas revelações:

- A dupla trata o maravilhoso show que hoje dá a volta ao mundo (e que tivemos o inenarrável prazer de ver no Tim Festival do ano passado) como um "sistema" programado rigorosamente, com quase nenhum espaço para improvisações. "É como um espetáculo da Broadway", definem.

- Eles acreditam haver uma "progressão lógica" entre os três discos do grupo. Ou seja: estão longe de rejeitar o menosprezado Human After All.

- Eles adoram Justice.

- Last but not least: perguntado sobre as músicas que mais gosta de ouvir "para dançar", Bangalter responde Hüsker Dü. E Flashing Lights, do Kanye West.

Vale ler o texto inteiro, já que os ciborgues merecem todo respeito. Tá. Vale ler o texto enquanto matamos o tempo à espera do álbum novo do Radiohead, claro.

1.10.07

Novo Radiohead em dez dias!



Trata-se, até agora, da notícia mais surpreendente do ano. Vamos a ela sem muitos rodeios.

Hello everyone.
Well, the new album is finished, and it's coming out in 10 days.
We've called it In Rainbows.
Love from us all.
Jonny.

Foi assim, como quem avisa sobre uma nova atualização no blog, como quem acorda chupando um limão ou como quem desliga um alarme que o Radiohead anunciou o novo disco. O álbum não será um simples álbum. Ele será lançado na total independência, primeiro em downloads no site oficial, depois em um box luxuoso, em dezembro.

Veja a notícia completa, incluindo tracklist, na Pitchfork.

Em resumo: depois de tantas promessas, a banda decidiu aterrorizar radicalmente a indústria musical (vários selos estavam à espera de uma decisão deles), mandar às favas qualquer sinal de suposto bom senso e fazer o que bem entende. E mais: quem optar pela compra do download pode pagar o que bem entender por ele.

Tipo: se eu quiser, posso pagar 15 centavos. Quanto vale a música, Sílvio?

Ainda não consigo acreditar. Seria mais uma farsa? Seria o equivalente a uma pegadinha de primeiro de abril?. Bem. Parece que não. Já que o próprio site oficial da banda está completamente mudado. Olhe lá.

Assim vocês me matam do coração, rapaziada. Tem banda melhor que essa? Sério!

Atualização (10h15): Para matar a curiosidade do povo apressado, a New Musical Express soltou clipes de todas as canções do álbum que vai revolucionar a música pop. Ouçam lá.

Atualização (14h50): O disquinho também será lançado em versão, digamos, pré-histórica. Em CD simples, meados de janeiro de 2008. Ainda não se sabe se por algum selo. Leia aqui.