12.9.07
Delírio sabor morango
Com o Animal Collective é assim: há os que não suportam passar perto, há os que tentam e desistem, há os que têm pesadelos só de pensar no assunto (Diego?) e, finalmente, há os que não podem viver sem. Já vou avisando: faço parte desse último grupo.
Confesso que fica cada vez mais difícil oferecer argumentos positivos aos que têm alergia a esse quarteto de Nova York. A banda não vai (nunca?) facilitar o trabalho de ninguém. Na falta de termo melhor, blogs metidos a besta e sites bacanas espalham que o novo álbum representaria o momento pop do coletivo liderado por Panda Bear e Avey Tare. Mas pop? Mesmo?
Duvido. Eu, que já estou intoxicado pela sonoridade do grupo (que alguns chamam de freak-folk, ou de nova psicodelia, mas não consigo classificar direito), não tenho condições de identificar se eles ficaram mais atraentes a um outro público. Não sei. Eu recomendaria todos os discos deles a você, mas com uma restrição: eles exigem dedicação, e talvez você não terá tempo, paciência ou simplesmente vontade de apostar nisso.
Este post, por exemplo, deve desabar o número de acessos a este blog. Mas é a vida!
Os detratores do grupo (e são muitos) dificilmente tirarão da minha cabeça que Strawberry Jam (****) é um dos álbuns imperdíveis de 2007. O que fazer? Esta parece ser uma guerra perdida. Para quem tem fé na bicharada, fica muito complicado não se render a um disco que revela a banda com total domínio de um estilo criado por eles mesmos - e, ao mesmo tempo, com um desejo imenso de expandir essa estética, de caminhar rumo a territórios desconhecidos.
Eles não descansam. A ênfase nos vocais e a opção de valorizar a performance ao vivo no estúdio (sem tantos efeitos de produção) fazem deste o trabalho mais caloroso, mais "humano" deles. E eles são os primeiros a reconhecer o esforço. Now I think it's alright to sing together, admitem, na excelente For reverend Green . Antes, Chores reafirma o gosto por mantras que, para os menos acostumados, podem acabar soando como versões lisérgicas da canção-tema de O rei leão.
Em entrevista à Pitchfork, Panda Bear (que lançou este ano o ótimo, dopado Person Pitch) revelou de onde saiu o nome do álbum. Sentado na poltrona de um avião, ele admirava o brilho da luz do sol num daqueles potinhos de geléia de morango que costumam vir no serviço de bordo. Aí veio o clique. "Eu queria que a sonoridade do álbum parecesse com aquela imagem", disse. Juro que ainda não entendo, mas sorrio quando penso na idéia.
Ok, é uma seita. É uma bobagem. É um jogral pré-escolar. É um universo de acesso não muito imediato. Mas é um universo. Digam que estou louco, mas quantas bandas conseguem criar algo assim?
O álbum Strawberry Jam foi lançado ontem nos Estados Unidos pela Domino.
Ouça! Peacebone, no MySpace
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11 comentários:
Não. Eu sou dos que tentaram e não gostaram.
Foi mal.
inclua aí um novo grupo. o grupo dos que acham um disco bem bacana, mas nada tão genial assim.
pra quem gosta de fall out boy, deve dar pesadelos mesmo.
Sim, Daniel. Sim.
****, perfeito. E não é só um dos álbuns imperdíveis desse ano, como também dessa década (acho que só uns quatro me emocionam tanto quanto este).
E acho que o maior avanço que eles fizeram aqui foi em relação às letras (se não me engano a Pitchfork mencionou isto também). A de Fireworks é deuma beleza rara.
É verdade, é a primeira vez em que dá pra entender perfeitamente o que eles querem dizer com as letras.
Que legal, tenho um odiador aqui!
Fall Out Boy > Animal Collective.
Mal chegou e já conseguiu despertar os ânimos da blogosfera, hehe.
Você é popular, Diego.
po, eu postei o ultimo ep deles no meu blog a pouco tempo, caso alguem nao tenha...
acho bom pra mais de metro...
Vou dar uma olhada lá, Danilo.
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